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Baile na Roça
Por volta de 1949 em Marília/SP, o ar rural era fresco e carregado de estrelas, enquanto as festas e bailes da roça traziam um brilho especial aos finais de semana. O jovem João Mendola, na ocasião com seus 19 anos, conhecido carinhosamente como Joãozinho, era presença certa nessas celebrações. Naquela noite em particular, ele estava acompanhado de seu fiel amigo, que aqui chamaremos de Zeca.
O baile acontecia em uma tenda de encerado, que lembrava um grande circo, armada num campo aberto. O interior estava iluminado por um cordão de lâmpadas incandescentes, criando um ambiente acolhedor e mágico. A sanfona ditava o ritmo da noite, e os casais rodopiavam pelo chão de terra batida, ao som alegre do rastapé. Baile regado a músicas de Tonico & Tinoco e também com muita música rancheira, como era conhecida naquela época.
Do lado de fora, a claridade das lâmpadas permitia que se visse a silhueta das pessoas. Era quase como se uma dança de sombras se desenrolasse na superfície da tenda. Ali, no limiar entre luz e escuridão, estava um bêbado, caído no sono numa cadeira bem próximo ao encerado, alheio à festa que se desenrolava a poucos metros.
Em certo momento, Joãozinho e seu amigo Zeca, conhecidos por seus humores travessos, decidiram pregar uma peça. Do lado de fora da tenda, viram a silhueta do bêbado. Com um empurrão forte dado com os pés, Zeca derrubou o bêbado da cadeira. Como se num passe de mágica, o homem foi lançado para o centro da tenda, desabando sobre um par de baldes cheios de água.
O som dos baldes se espalhando e a água se derramando causou um rebuliço. A música parou por um segundo, enquanto todos olhavam, surpresos, para a cena cômica no centro da tenda. Joãozinho e Zeca não conseguiram conter as gargalhadas, assim como muitos outros. O bêbado, confuso e encharcado, tentou se recompor, enquanto os músicos retomavam a sanfona e a festa continuava, agora com mais uma história para ser contada nos futuros bailes.
E assim, numa noite estrelada da década de 1940, no coração rural de São Paulo, as risadas ecoaram longe, perpetuando a lembrança de um baile que, para sempre, seria lembrado pelo mergulho inesperado de um convidado inesperado.